As Obras da Carne – Gl 5:16-21 – Capítulo 6_Parte 1_Pecados Sociais – CIÚMES.
Estudo da Sociedade Feminina da Igreja Batista Regular Renascer – Manaus, AM
As Obras da Carne – Gl 5:16-21 – Capítulo 6_Parte 2_Pecados Sociais – INVEJA.
Estudo da Sociedade Feminina da Igreja Batista Regular Renascer – Manaus, AM
As Obras da Carne – Gl 5:16-21 – Capítulo 6_Parte 3_Pecados Sociais – INIMIZADES
Estudo da Sociedade Feminina da Igreja Batista Regular Renascer – Manaus, AM
As Obras da Carne – Gl 5:16-21 – Capítulo 6_Parte 4_Pecados Sociais – IRA
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Capítulo 6

OS PECADOS SOCIAIS: CIÚMES, INVEJA, IRAS, INIMIZADES, PORFIAS, DISCÓRDIAS, DISSENÇÃO E FACÇÕES.

TEXTO BÍBLICO

Gl 5:19-21  “Ora, as obras da carne são conhecidas e são: … ciúmes, inveja, iras, inimizades, porfias, discórdias, dissenção e facções…” 

ALVO

Desvendar o nosso coração, descobrindo sentimentos que podem estar resistindo ao controle do Espírito Santo. E, ao identificá-los, lutar contra eles, com todas as nossas forças para vencê-los, através da amorosa obediência e submissão a Deus.

ESBOÇO

Introdução

I. Pecados físicos contra a saúde

  1. Ciúmes
  2. Inveja
  3. Iras
  4. Inimizades
  5. Porfias
  6. Discórdias/Dissensão
  7. Facções

II. Lutando contra a própria vontade

Conclusão

INTRODUÇÃO

Dentre as “Obras da Carne” alguns pecados são chamados sociais porque influenciam diretamente em nossa vida social, nos nossos relacionamentos, seja na família, igreja, escola ou trabalho. Nós vamos tratar de sentimentos que nem sempre tem uma manifestação aparente, mas que podem existir e persistir dentro do crente como um câncer, minando sua vida espiritual.

O crente possui duas naturezas – a Velha Natureza, carnal e terrena, recebida de seus pais e a Nova Natureza, espiritual e divina, recebida de Cristo. Lembrem-se, vivenciamos uma guerra interior e é imprescindível que, pelo Espírito, mortifiquemos as obras da carne (Rm 8:13) e tomemos posse da vida eterna (1Tm 6:12).

I.        PECADOS SOCIAIS

1.     Ciúmes

O termo ciúmes, do grego – ζῆλος (zelos) – significa zelos, ciúmes, emulações (sentimento que leva o indivíduo a tentar igualar-se a ou superar outrem).

Considerado positivamente.

Cuidado meticuloso e diligente, interesse, empenho, afeição íntima, dedicação ardente. Sempre o propósito é glorificar a Deus.

Jesus cristo expulsou do templo as pessoas que comercializavam:

     João 2:17 “lembraram-se os seus discípulos de que está escrito: o zelo da tua casa me consumirá.“

Considerado Negativamente.

Caracteriza um cuidado ignorante, egoísta, exagerado e prejudicial. Por causa do medo, desconfiança, insegurança, ou desejo de posse absoluta, a pessoa passa a agir sem sabedoria, com extremismo, pensando só em si, prejudicando quase sempre a si mesmo e a pessoa ou coisa que diz amar. [1] Ciúmes é o contrário de altruísmo.

Os sacerdotes por ciúmes prenderam os apóstolos.

Atos 5:17-18  “levantando-se, porém, o sumo sacerdote e todos os que estavam com ele, isto é, a seita dos  saduceus, tomaram-se de inveja (zelos), prenderam os apóstolos e os recolheram à prisão pública.”

O ciumento não age com sabedoria, fica nervoso, trata as pessoas com grosseria, causa mal entendidos, escândalos, brigas. Por fim, fica descontente, amargurado e triste. Nunca jamais os ciúmes devem ser confundidos com amor, pois este é altruísta e não arde em ciúmes (1 Co 13:4).

Exemplos bíblicos de ciúmes: [2]

  • Os irmãos de José

Gn 37:4 Vendo seus irmãos que seu pai o  arnava mais do que a todos os outros seus irmãos, odiaram-no e já não podiam falar  corn ele pacificamente.

  • Os homens de Efrairn

Jz 8:1 Então os homens de Efraim lhe disseram: Que é isto que nos fizeste, que não nos chamaste, quando foste pelejar contra os midianitas? E contenderam com ele fortemente.

  • O rei Saul

 ISm 18:8 Então Saul se indignou muito  pois estas palavras lhe desagradaram muito  e pensou: Dez milhares deram a Davi, e mim somente milhares. Na verdade, o  lhe falta, senão só o reino? (2Sm 19:41;  Pv 6:34)

  • Os trabalhadores na vinha

Mt 20: 12 Disseram: Estes últimos trabalharam só uma hora, e tu os igualaste conosco, que suportamos a fadiga e o calor do dia.

  • O irmão mais velho

LC 15:28 Mas ele se indignou, e não que ria entrar. Então, saindo o pai, instava con ele.

O ciúmes é um defeito de caráter e a pessoa quase sempre nega possuir tal característica. Por exemplo: ciúmes entre casais, sogra com nora ou genro, dona de casa com higiene e arrumação do lar,

a pessoa e seus objetos pessoais ou suas amizades, o pastor com os membros da igreja ou com o púlpito, os professores com os cargos ou alunos e até entre as crianças mais tenras ele se manifesta.

Por isso, devemos analisar nossas vidas e verificarmos se este sentimento está presente e verificarmos se é no bom sentido, agradecendo a Deus.

Rm 12:8  “Ou o que exorta faça-o com dedicação; o que contribui, com liberalidade; o que preside, com diligência (zelos) ; quem exerce misericórdia, com alegria.”

Porém, se encontrarmos ciúmes no mau sentido, devemos quedarnos aos pés de Jesus e, arrependidos, pedirmos ajuda.

1 João 1:9  “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos Purificar de toda injustiça.”

2.   Inveja

O termo do grego – φθόνος (phthonos) – significa “malícia e má vontade”, que faz com que alguém tenha ressentimento contra outra pessoa por ter algo que ele deseja.   

Importante diferenciarmos ciúmes de inveja. O primeiro é o desejo de estar tão bem quanto o outro ou de possuir aquilo que o outro possui. Já o segundo, se ocupa mais em privar o outro da coisa desejada, do que meramente apropriar-se do bem do outro.

A inveja é uma disposição interior maligna, um ressentimento no coração, diante da felicidade e do sucesso do outro, porque o invejoso não possui as mesmas coisas. É caracterizada pela aflição, ansiedade, desgosto e uma grande tristeza diante do bem alheio ou sua prosperidade. Geralmente esse sentimento vem acompanhado de animosidade face a quem detém o objeto de cobiça e da vontade de que esse outrem o não tivesse.

Quando Jesus esteve aqui na terra, durante o Seu ministério, incomodou profundamente a homens religiosos, nobres e poderosos … Em que Jesus poderia ameaçá-los? Sua motivação foi inveja! Conforme Marcos 15:10 “pois ele bem percebia que por inveja os principais sacerdotes lho haviam entregado”.

E isso fica bem claro quando vemos suas reações à obra do Salvador:

João 12.19 “de sorte que os fariseus disseram entre si: vede que nada aproveitais! Eis aí vai o  mundo após ele”.

João 11:47-48  “então, os principais sacerdotes e os fariseus convocaram o sinédrio; e disseram: que estamos fazendo, uma vez que este homem opera muitos sinais?  Se o deixarmos assim, todos crerão nele; depois, virão os romanos e tomarão não só o nosso lugar, mas a própria nação”.

Muito interessante verificarmos os Salmos 37 e 73 que nos fala da inveja que muitas vezes os crentes manifestam pelos poderosos e ímpios deste mundo, quando veem que suas vidas transcorrem sem problemas de saúde, financeiros ou setimentais. Acreditam que eles são ditosos e felizes e, comparando às suas próprias vidas, concluem que passam por dificuldades e canceiras. Mas, numa leitura mais atenta o salmista verifica que eles, na verdade, estão em lugares escorregadios e que o seu fim é a perdição. Quanto a nós, nossa confiança está no Senhor Deus, para anunciar as suas obras (Sl 73:28).

A inveja comumente se manifesta através de desdém ou estalo de língua… (Ah!!!!!!!!), comentários e criticas maldosos, fofoca, empecilhos, perseguições e até agressões diretas.

Como por exemplo:

  • Fulana está em novo emprego? E ganhando bem? Logo surgem comentários: “também, prá quem não fazia nada…” Ou, “sabe-se lá o que ela pode aprontar…”
  • Beltrana está namorando um bom rapaz crente? “ Uma irmã invejosa logo comenta: “é…. Quero ver quando ele descobrir quem ela é de verdade…”
  • Fulano casou recentemente e está muito feliz. Da invejosa virá o desdém: “quero ver até quando vai durar esta felicidade, com o passado dele… E, mesmo que dure, eu é que não o quero para mim, esnobe e exibido…”
  • Cicrano recebeu um elogio pelo excelente trabalho que vem realizando à frente de uma equipe na Igreja. O invejoso logo comentará: “também do jeito que ele se esforça para aparecer, só quer ser santinho e espiritual, nunca chega atrasado, assim, até eu.”

Tal sentimento não deve permanecer no coração do crente. Não nos esqueçamos que Cristo morreu por nós e nos fez um com ele, por isso devemos andar em união.

Romanos 12:5  “assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em cristo e membros uns dos outros.”

Colossenses 3:15

“Seja a paz de cristo o árbitro em vosso coração, à qual, também, fostes chamados em um só corpo; e sede agradecidos.”

A Inveja sempre gera uma raiz oculta de amargura, que fatalmente, terminará em maledicências, fofocas, frieza pessoal e perda de comunhão.

Tiago 3:14 “se, pelo contrário, tendes em vosso coração inveja amargurada e sentimento faccioso, nem vos glorieis disso, nem mintais contra a verdade”

3.    Inimizades

O termo do grego – ἔχθρα (echthra) – significa aversão, malquerença, falta de amizade, ódio, oposição, hostilidade.

A inimizade está fundamentada em um espírito não regenerado, onde imperam a hostilidade, e o aborrecer-se com o próximo – má vontade.

É o oposto do amor e amizade. Ao contrário de buscar o bem estar do outro, busca prejudicá-lo, almejando sua destruição.

Uma pessoa que comete este pecado seria dizer: “Ah, eu não amo e nem desamo determinado irmão – nem fede nem cheira”. Saiba que aqui, há inimizade!

3.1. Um exemplo de pessoa que comete este pecado: Absalão.

Filho do rei Davi (2 Samuel 13-19). Ele, apesar de ser um homem bonito, rico e filho de rei, teve sua vida marcada pela inimizade.

Ao sofrer um grande agravo da parte de seu meio irmão Amnon, no caso da violação de sua irmã Tamar, ele não o perdoou, guardou ódio, tramou vingança e mandou assassiná-lo.

Anos depois, novamente mostrou o seu caráter de inimizade quando, ao não ser atendido pelo capitão Joabe (o qual já lhe havia feito bem),  buscou o seu mal ao mandar tocar fogo em uma propriedade sua.

Por fim,  ele atentou contra o próprio rei Davi, seu pai, demonstrando a inimizade que lhe tinha, pois, mesmo sabendo que Deus havia escolhido Salomão (1Cr 22:9) para ser o sucessor do trono depois de Davi, ele planejou e executou uma conspiração, traição e rebelião contra o rei.

Tem um fim trágico e infeliz – rodeado de inimigos.

3.2. Cristo foi O exemplo perfeito de amizade.

Romanos 5:10

“Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu filho, …” 

3.3. Ele mandou que seguíssemos o Seu exemplo.

1 João 3:15

“todo aquele que odeia a seu irmão é assassino;  …  Todo assassino não tem a vida eterna permanente em si.”

João 13:35

nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros.”

3.4. E como conviver com aquelas pessoas verdadeiramente difíceis ?

Efésios 4:2

“com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor,”

Colossenses 3:13

suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa  

contra outrem. Assim como o senhor vos perdoou, assim também perdoai vós;”

3.5. E aqueles que nos perturbam ou causam danos e ainda tem raiva de nós ?

Romanos 12:18

“se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens;”

Romanos 12:21

“não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.”

4.     Ira

O termo do grego – θυμός (thumos) – significa raiva, ira, fúria, uma tremenda explosão de temperamento, acessos de raiva. E ὀργή – (orge) – significa a ira pensada, ficar, estar, tornar-se zangado.

4.1. Conceito secular:

  • Raiva, sentimento intenso e permanente de ódio, mágoa e rancor que, normalmente contra uma ou algumas pessoas, é gerado por uma ofensa, dando origem a uma situação agressiva.
  • Indignação agressiva, violenta.
  • Vingança ou sentimento impulsionado pelo desejo de se vingar.

Sinônimos – Termos utilizados para descrever as diversas faces da ira.

Ódio, brasa, vingança, indignação, zanga, sanha, raiva, cólera, fúria, furor, arrebatamento.

Antônimos – É a descrição de sentimentos opostos à ira.

Equilíbrio, serenidade, resignação, complacência, calmaria, calma, benevolência, sossego, tranquilidade, impassibilidade.

4.2. Conceito Bíblico.

Rejeitar com disposição violenta tudo aquilo que desagrada ou vingar as ofensas reais ou imaginárias. A ira é não aceitação de algo, sendo este correto ou não.

É um sentimento característico da carne pecaminosa e da velha natureza decaída (Cl 3:8-9). Dominá-lo somente será possível através do lavar renovador e regenerador do Espírito Santo (Ef 4:23-24). 

Ira (thymos) – raiva, ira, fúria (pode ser resultante de acesso repentino).

 “ … ouvindo isto, encheram-se de furor e clamavam: grande é a Diana de Éfeso” (At 19.28).

 “ … todos na sinagoga, ouvindo estas coisas se encheram de ira” (Lc 4.28).

Ira (orgê) – pode ser resultante de um pensamento deliberado.

A indignação (orge) do filho mais velho, na parábola do filho pródigo (Lc 15:28).

“Não provoqueis vossos filhos à ira” (Ef 6.4).

3.3. Ira de Deus. [1]

Thymos se emprega juntamente com orge, sem diferenciar-se, para expressar a ira divina. É uma expressão utilizada para manifestar sua santidade e retidão em condenar o pecado. 

O encontro do homem com o que é santo poderia ser perigoso: No caso de Jacó lutando com O Anjo – (Gn 32:25 segs), Moisés – no caso da ciucuncisão do filho (Ex 4:24 segs); Moisés – falando com Deus no Sinai (Ex 19:9 e segs).

A ira de Deus é provocada:

  • Pelo comportamento de indivíduos. O caso da sedição de Miriam (Nm 12:9) e o caso de Uzá ao tocar a Arca da aliança (2 Sm 6:7).
  • Mais freqüentemente, porém, é provocada pela apostasia, infidelidade e violação da lei de Deus por parte do povo da aliança, Israel, e por idolatria (Nm 32:10).

Por detrás da ira divina, muitas vezes já brilha o motivo para a esperança (cf. 2Sm 24:16; Os 14:4).

  • O homem pode se apegar a esta esperança se se humilhar, voltando-se a Deus em oração e  reafirmando a aliança com sua obediência.
  • Se isto acontecesse, então a ira de Deus teria realizado sua tarefa, levando a efeito a restauração (Jr 36:7).

4.4. O pecado da ira.

  • Às vezes um crente pode explodir em ira por pequenas coisas. Por exemplo, está realizando um trabalho, e se alguma coisa sair errada, ele reage com ira.
  • Conhecido como sendo de “pavil curto”, é a pessoa que se for ofendido ou contrariado nas suas opiniões ou interesses, explode num comportamento de descontrole e fúria.
  • Pessoas que estão com suas vidas fora dos caminhos do Senhor, ao serem exortados, reagem com ira.
  • Há pessoas que usam desculpas sem nenhum fundamento: “Só reajo com ira quando provocado!”, como se houvesse algum caso que lhes desse o direito de pecar. O que ele não compreendem é que a longanimidade se demonstra exatamente nesses momentos de dificuldade.
  • Na educação de filhos, por exemplo, muitos pais têm ataques de ira, por um comportamento inadequado de seus filhos. Outras vezes não sabem como reagir a um ataque de fúria infantil, ou até mesmo a provocam. Esquecem que somos advertidos a não dar motivos que nossos filhos possam sentir thymos ou orge (Ef 6:4). Devemos lembrar os princípios da disciplina: (a) É uma ato de amor; (b) traz pesar no início; (c) depois produz a conduta que agrada a Deus (Hb 12.11).

A reação de um crente não controlada pelo Espírito, frente às dificuldades da vida (maus tratos, injustiça, perseguição) é geralmente carregada de ira.  Devemos sempre entender que a ira é uma manifestação da velha natureza. Assim desenvolvemos nossa desobediência a Deus, pois fazemos a vontade da velha natureza, que deveria estar morta, fazendo viver a nova criação em Cristo, conforme 1 pedro 2:20-21.

“pois que glória há, se, pecando e sendo esbofeteados por isso, o suportais com paciência? Se, entretanto, quando praticais o bem, sois igualmente afligidos e o suportais com paciência, isto é grato a deus.   Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos,”

5.      Porfias

O termo do grego – ἐριθεία (eritheia) – significa intriga, desavença, discórdia, contenda. Insistência excessiva e insensata, obstinação, teima. Grande disputa e rivalidade.

A pessoa contenciosa possui uma atitude mental hostil e criadora dos mais diversos problemas no seu convívio. Suas relações quase sempre vão culminar em dissensões e divisões.

Caracteriza a disputa entre 2 ou mais pessoas, numa contenda acirrada de palavras, discussão e polêmica, com acusações, ofensas, autodefesas, ameaças, pelos mais diversos assuntos, com uma insistência obstinada buscando fazer prevalecer opiniões ou desejos pessoais. É o famoso “bate boca” ou a “pessoa doida para arranjar confusão”.

A Bíblia nos dá alguns exemplos de porfias.

Contenda entre os pastores de Abraão e Ló – Gn 13:7-8.

“E houve contenda entre os pastores do gado de Abrão e os pastores do gado de Ló; e os cananeus e os perizeus habitavam então na terra. E disse Abrão a Ló: Ora, não haja contenda entre mim e ti, e entre os meus pastores e os teus pastores, porque somos irmãos.”

Houve uma disputa motivada por interesses materiais. Na solução do problema, Ló escolheu por critérios egoístas e sabemos aonde isso o levou. Mas Abraão, ao contrário, buscou a conciliação e, mesmo que aos olhos humanos tenha sido prejudicado, Deus tornou em bem sua decisão.

Que haja uma mesma mente entre os irmãos – Fp 4:2.

“Rogo a Evódia, e rogo a Síntique, que sintam o mesmo no Senhor.”  

O apóstolo Paulo exortou a duas mulheres (não sabemos por qual motivo), reforçando, ao citar individualmente seus nomes, a estarem em harmonia, tendo o mesmo pensamento no que se refere ao Senhor, em detrimento de suas preferências pessoais. 

A mesma coisa é recomendada a todos os crentes, no que tange às suas relações pessoais na comunidade cristã e uns com os outros, conforme Fp 2:2-3:

“Completai o meu gozo, para que sintais o mesmo, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, sentindo uma mesma coisa. Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo.”

A porfia na igreja de Corinto (1 Co 3.3-8)

Aqueles crentes são repreendidos pelo apóstolo pois estavam criando contendas acerca de quem eram eles seguidores: se de Paulo ou de Apolo.

Da mesma maneira, isso acontece até hoje:

  • Criam-se lideranças em igrejas que são verdadeiros semideuses, pessoas que tem seus seguidores, seus fiéis.
  • Denominações que se acham as únicas depositárias das verdades eternas – heresias destruidoras: temos o catolicismo, o adventismo, os testemunhas de jeová, mórmons: são caracterizados por defenderem pontos específicos de doutrina que as faz exclusivas, e até algumas modernas denominações evangélicas que se consideram o canal de bênçãos do céu (venham para a igreja tal e tal e você será abençoado…)
  • Até dentro de grupos denominacionais, como os Batistas, por exemplo, criam-se porfias por coisas consideradas “tradicionais”, ou o chamado “espírito denominacionalista exagerado, que, mesmo sem amparo bíblico, geram contendas.  
  • Não podemos invalidar a palavra de Deus por causa das tradições. Jesus repreendeu severamente os religiosos da sua época, conforme Mt 15:3;6:

“ele, porém, lhes respondeu: por que transgredis vós também o mandamento de Deus, por causa da vossa tradição? E, assim, invalidastes a palavra de Deus, por causa da vossa tradição.”

Aquele que tem o pecado de porfia, estará sempre em constante estado de disputa e competição, pois considera que seu ponto de vista ou opinião estão sempre certos:

  • Com o dedo em riste, apontando um erro, um deslize.
  • Em um púlpito, “dona exclusiva da verdade”.
  • Numa maratona, correndo para ganhar o primeiro lugar.

Em casa:

  • Entre casais – questões financeiras, educação de filhos, lugar dos móveis, maneira de apertar a pasta de dentes.
  • Entre irmãos, disputas motivadas por egoísmo, birras, mando do controle da TV etc.
  • Entre vizinhos – sempre que um quiser exercer a primazia: calçadas, muros, água da chuva, esgotos e um sem-fim de motivos.

No trabalho:

  • Promoções, participação em cursos, melhor posição da mesa etc.

Na igreja:    

  • Pontos de doutrina, denominação religiosa, administração da igreja, programa de natal, participações especiais nos cultos, por cargos etc.

Vida social:

  • Futebol, política, por quase tudo surge uma porfia.

A bíblia diz que nós somos um só corpo, cujo cabeça é Cristo. Devemos conviver com harmonia, proceder com prudência e humildade, pois quem deve “ganhar” sempre é Cristo, de quem somos todos servos. Por isso, a recomendação a todos os crentes, no que tange às suas relações pessoais na comunidade cristã e uns com os outros é conforme Fp 2:2-3:

“Completai o meu gozo, para que sintais o mesmo, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, sentindo uma mesma coisa. Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo.”

6.      Discórdias/Dissensões

O termo do grego – διχοστασία (dichostasia) – significa desunião ou “levante”. Sua natureza pode ser política, social ou particular.

Conflito de opinião, discussão, dissidência, desunião, ambição egoísta, espírito politiqueiro.

“Inclinar-se teimosamente a opiniões que causam problemas entre os crentes. A fonte de dissensão é o orgulho e a recusa de se submeter à autoridade e à verdade da Palavra de Deus.” [1]

Está muito relacionada com o pecado de porfia. É o estado de espírito que caracteriza àquelas pessoas que já perderam completamente o controle e discutem a todo momento por qualquer coisa.

Exemplos bíblicos de dissensão.

O apóstolo Paulo, por defender a verdade da ressurreição de Cristo, foi levado perante o sinédrio – um tribunal judaico composto por sumo-sacerdotes (antigos e atuais), escribas (professores da lei), pessoas de destaque na sociedade judaica, anciãos. Sendo uma parte deles composta pela seita dos saduceus, que negavam a ressurreição, e outra parte pelos fariseus, que criam na ressurreição, ao ser abordado o assunto, houve grande dissensão entre eles, conforme At 23:10, pondo em risco a vida do apóstolo.

“E, havendo grande dissensão, o tribuno, temendo que Paulo fosse despedaçado por eles, mandou descer a tropa, para que o tirassem do meio deles, e o levassem para a fortaleza.”

Somos advertidos por Paulo para evitarmos o convívio com pessoas contenciosas, que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina e nos afastarmos deles. 

Cl 2:8 – Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo;

2Ts 3:6 – Mandamos-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo o irmão que anda desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebeu.

Dissensão em casa – Por exemplo o dia a dia de marido e mulher:

Pessoas que começam a desenvolver um sentimento de porfia por pequenas coisas. Depois passam a estar mais ranzinzas e brigam por coisas sem a menor importância. Por fim, já não concordam em quase nada e vivem num eterno estado de discórdia.

Um diz algo sem nenhuma intenção escusa ou oculta e o outro já solta de lá:

  • “é… eu já esperava isto de você. … veja lá se isto é papel de crente… só quer ser o santo…”

Também há aquelas mulheres que transformam a vida do marido em um verdadeiro inferno. Não são auxiliadoras, são adversárias, inimigas.

Tem também os ciúmes: um tormento! Desconfiam de tudo e de todos. O marido é culpado até que se prove o contrário. Não é de se admirar se o marido resolver “chutar o pau da barraca”.

No nosso lar, deveríamos almejar o comportamento da mulher descrita em Provérbios 31:

v. 12 ela lhe faz bem e não mal, todos os dias da sua vida.

v. 23 seu marido é estimado entre os JUÍZES

v. 28/29   levantam-se seus filhos e lhe chamam ditosa; seu marido a louva, dizendo: muitas mulheres procedem virtuosamente, mas tu a todas sobrepujas.

v. 30 a mulher que teme ao senhor, essa será louvada.

Dissensão na Igreja

São àquelas pessoas que não deixam passar nada, em tudo e sobre todos os assuntos têm uma opinião e estão sempre comprando uma briga.

Se algo vai ser discutido, há sempre o espírito de antagonismo, de rivalidade, transformando reuniões em verdadeiros campos de batalha.

E ao final, se a opinião daquela que é contenciosa for “vencida’ ela se retira ultrajada e ferida no seu amor-próprio, orgulho, vaidade ou egoísmo. Essas pessoas estarão quase sempre se sentindo ofendidas, de “coração partido”, magoadas.

Este pecado caracteriza aquela pessoa que vai procurar divisões, formar grupos, motivados por interesses pessoais – totalmente fora do exercício do amor bíblico e do “suportai-vos uns aos outros em amor” (Ef 4:2).

Exemplos: 

Uma pessoa começa a discordar de determinado trabalho ou ponto de vista do outro e passa a procurar “adeptos ou eleitores” que se agreguem a ela, contra àquela pessoa ou grupo “antagônico”. Tudo é feito em forma de fuxico, na surdina, sempre procurando aumentar os “prós” e diminuir os “contras”.

Logo surgirão grupos claramente antagônicos, cujos interesses pessoais se sobrepõem ao espírito cristão. Chega ao cúmulo de disputarem os novos convertidos: ao invés de oferecerem o “genuíno leite espiritual”, oferecem o cálice com o veneno da discórdia.

E o pecado vai continuar progredindo: porfias à discórdias/dissensão à e, por fim, facção.

7.      Facções

O termo do gregoαἵρεσις (hairesis) – significa heresias e seitas, como negação da verdade. E espírito faccioso, divisões e partidos, como resultado de discórdias e brigas.

O termo heresia – conceito secular – Teoria, ideia, prática etc. que nega ou contraria a doutrina estabelecida (por um grupo).

Segundo este conceito é que a Igreja Romanista, se dizendo única detentora das verdades de Deus, considera os crentes como hereges.

Dentre as obras da carne descritas como pecados sociais, quando a pessoa chega ao pecado descrito como heresia, a ruptura é inevitável. Mostra um comportamento faccioso, resultado de um coração que não quer se submeter ao Espírito de Deus e tampouco às Escrituras.

  • Foi feita uma escolha.
  • Consequentemente, uma preferência.
  • Já está formado um partido (religioso), uma seita, uma denominação.
  • A inimizade e a desunião estão declaradas.

Heresia na bíblia.

1Co 11:18-19

Porque antes de tudo ouço que, quando vos ajuntais na igreja, há entre vós dissensões; e em parte o creio. E até importa que haja entre vós heresias (facções), para que os que são sinceros (aprovados) se manifestem entre vós. 

Na Igreja

Muitas pessoas que estão em seitas e heresias destruidoras, saíram de igrejas cristãs verdadeiras e formaram associações para agradar a si próprias, aos seus próprios interesses.

1 João 2:19

       “eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos. “

Hoje em dia as informações de toda sorte estão disponíveis nos meios digitais, transformando todos em “mestres”. Cada um tem sua própria verdade, à parte das Escrituras. 

Por isso, muitas pessoas continuam na igreja, mas declaradamente promovem divisões:

  • Os que são do pastor e os que são da turma da família “Fulano de tal”.
  • Os que são do diácono “Cicrano” e os que são do diácono “Beltrano”.
  • Os que seguem a bíblia e os que seguem as tradições, sem comparar com as escrituras;
  • Os que querem ser santos e os que querem continuar dirigidos pelos seus pecados e mundanismo.

Na Família

  • Casais que já não podem viver juntos e obedecer ao mandamento do Senhor.

Mateus 19:6 

“De modo que já não são mais dois, porém uma só carne.   Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.”

  • Inimigos da cruz de Cristo, provocadores de escândalos – vergonha para o evangelho.

Mateus 18:7

“Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é inevitável que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual vem o escândalo!”

  • Filhos que desonram os pais, irmãos que desonram irmãos.

Filipenses 3:19 

“O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia, visto que só se preocupam com as coisas terrenas.”

II.        LUTANDO CONTRA A PRÓPRIA VONTADE

Como podemos lutar contra essa velha natureza que escraviza nossa vontade? Submetendo-nos à Palavra de Deus e ao Seu Santo Espírito, estudando, meditando e orando, em comunhão com irmãos que com sinceridade de coração professam a fé.

Em Tiago 3:13-16, encontramos conforto e direção para vencermos essa luta.

“Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom trato as suas obras em mansidão de sabedoria. Mas, se tendes amarga inveja, e sentimento contencioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica. Porque onde há inveja e espírito contencioso aí [há] perturbação e toda a obra perversa. Mas a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia.”

Que assim seja.

CONCLUSÃO

Ao concluir a descrição das obras da carne o escritor divino acrescenta: “… e coisas semelhantes a estas”, esclarecendo que muitos outros pecados tais como os listados são responsáveis por destruir a vida espiritual do crente.

E não somente isso, mas declara que “… não herdarão o reino de Deus os que tais cousas praticam”, avisando de antemão que aqueles que vivem na prática desses pecados não estarão aptos para um relacionamento eterno com o Senhor.

Isto não quer dizer que estamos totalmente livres de cometer pecados, enquanto estamos aqui neste corpo corruptível (1 Jo 1:9), mas, estabelece que o crente jamais poderá viver na prática do pecado (1 Jo 3:9). Fazendo distinção entre os que professam a fé, mas vivem segundo seus próprios pensamentos e àqueles que verdadeiramente receberam Cristo como seu salvador e vivem para agradá-lo.

Bibliografia

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[1] Dicionário internacional de teologia do Noyo Testamento / Colin Brown, Lothar Coenen (orgs.); [tradução Gordon Chown]. — 2. ed. — São Pauio ; Vida Nova, 2000.


[1] As Obras da Carne. Israel Carlos Biork. Sociedade Brasileira de Folhetos. 04562 – São Paulo/SP.

[2] BÍBLIA. Português. Bíblia de Referência Thompson. Tradução de JFA. Ed. RC. Compilado e redigido por Frank Charles Thompson. São Paulo: Vida, 1992. Pág. 1201.